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Maico Misiuk Narrador do Litoral

Maico em ação

Seguindo com a ideia de dar visibilidade, mídia e promover o melhoramento de nossa tradição, tive a grande ideia de escutar pessoas ligadas e envolvidas com nossos rodeios. Hoje o blog falando de laço tem a honra e satisfação de abrir espaço para um profissional dos microfones, Maico Misiuk com mais de 11 anos dedicados a narração vai nos contar sua história e trajetória a frente dos microfones.

Blog: Conte-nos sua origem?

Maico: Nasci na cidade de Arroio do Meio – RS, mas ainda criança de colo fui morar no município vizinho de Lajeado – RS, cerca de 110km da capital gaúcha Porto Alegre, quando tinha 16 anos de idade vim morar na cidade de São José – SC na grande Florianópolis, junto com minha família, cidade essa que considero meu chão, pelo carinho amizades que tenho com as pessoas daqui e por tudo que representou em minha carreira.

Blog: Conte-nos sua história e trajetória a frente dos microfones?

Maico: Comecei a narrar meio que por acaso, me lembro bem como se fosse hoje, todas as quartas-feiras acontecem os treinos de laço no CTG Os Praianos em São José, numa chuvosa noite de treino o narrador oficial meu amigo até hoje, Murilo Oliveira queria laçar e não tinha quem narrasse uma planilha para ele, eu estava em baixo da cabine e ele meio de brincadeira, meio serio me convidou para chamar essa planilha, eu que sempre fui apaixonado por narração desde pequeno ( não só de rodeios mais de futebol também, ouvia no RS muito a radio Gaúcha e viajava com as interpretações desses profissionais,) aceitei o convite. Digamos que meu desempenho foi satisfatório e naquela mesma noite o Murilo me deixou narrando até o final do treino. Muitos amigos gostaram e assim quando o Murilo parou de narrar os treinos por motivos profissionais eu assumi e la fiquei durante 5 anos, toda santa quarta feira. Hoje vejo muitos narradores na maioria iniciantes com vergonha de dizer que narram treinos. Eu pelo contrario tenho muito orgulho. Dali foram surgindo convites para diversos eventos. Hoje passados 11 anos de carreira, de 52 finais de semana de um ano, trabalho em torno de 45, já fui em 6 estados do Brasil para narrar, fui esse ano pelo 3° ano consecutivo um dos narradores do rodeio internacional de Vacaria – RS, tenho 2 CDs de narrações gravados, amizades que nunca mais quero deixar de tê-las e momentos vividos que agradeço todo santo dia a Deus, por tê-los vivenciados.

Blog: Como você vê nossos rodeios? Há evolução?

Maico: Vejo de uma ótica extremamente positiva, acho que nossos eventos estão cada vez maiores, cada dia cresce mais o numero de participantes publico para assistir e empresas interessadas em investir nesse meio. Acho que houve evolução nos últimos anos sim, sem a menor duvida, mas acho que falta uma visibilidade maior da mídia em geral. Nosso esporte movimenta um numero enorme de pessoas envolvidas, em maio de 2013 fiz um levantamento em 5 eventos num raio de 500km acontecendo ao mesmo tempo, e cheguei ao impressionante numero de 4 mil competidores envolvidos, que fique bem claro, COMPETIDORES, agora some a isso, famílias envolvidas, amigos, publico assistindo esses eventos, trabalhadores, comerciantes, a soma disso é impressionante, e o giro de dinheiro nesses eventos, os empregos diretos e indiretos que eles proporcionam, será que tinha nesse mesmo raio de quilometragem 4 mil pessoas jogando futebol por exemplo? Nosso esporte não tem nem 1% de espaço na mídia que tem o futebol, nada contra, pelo contrario, adoro futebol, mas o que falta para mídia em geral abrir os olhos para isso? No laço sem contar as outras provas que envolvem crianças que mal conseguem levantar o laço na vaca parada, até senhores que atiram as ultimas armadas de sua existência, pessoas humildes até grandes empresários, o que falta mídia brasileira? Quando isso acontecer vai abrir ainda mais o leque para empresas privadas investirem em nossos eventos, todos irão ganhar, competidores, trabalhadores, publico, absolutamente todos. O laço merece sim um programa no minimo semanal falando dos rodeios, laçadores, promotores de eventos, falando da cultura gaúcha que é linda e tem história, tem base, imagino uma mesa redonda toda segunda feira falando dos rodeios, das finais, dos laçadores, isso amigos é uma REALIDADE, tem publico para isso SIM, não é dedução é AFIRMAÇÃO.

Blog: Você acredita que dá para profissionalizar o tiro de laço e nossos rodeios, sem esquecer as origens e a parte cultural?

Maico: Sim, acredito fielmente nisso, muito em razão de tudo que escrevi acima, de forma alguma a tradição será deixada de lado, acho até que os antigos e pioneiros tradicionalistas tem que se orgulhar e muito do profissionalismo que existe hoje no tiro de laço. Porque? Por que graças a isso muita gente está conhecendo a tradição no geral, pessoas que não iriam se interessar pela tradição gaúcha se não existisse o laço, isso é fato amigos, o laço une, o laço fortifica, o laço enobrece a tradição em geral, quanto mais profissionalismo tiver, mais organizado os eventos serão, as pessoas gostam de eventos organizados e de alto padrão, ou seja, cada vez mais pessoas iram conhecer a tradição em razão desse profissionalismo que existe. Agora é claro que entendo que temos que separar laçador por categorias, no meu entendimento, profissional, amador, iniciante, como? Trocando idéias com todos, laçadores, profissionais, intermediários, iniciantes, promotores de eventos, patrocinadores, pecuaristas, narradores, enfim todos envolvidos e interessados acho que temos condições sim de achar uma formula ideal. De certa forma já existe com a diferenciação das forças A,B e C e até a D, mais entendo que dá para aperfeiçoar sim.

Blog: Você faz parte de uma equipe de trabalho essencial para promoção, andamento e organização de um evento de qualidade. Como você vê a valorização de sua classe?

Maico: Houve como nos rodeios em geral uma evolução nesse quesito nos últimos anos, mas no meu entendimento ainda não no patamar que merece, o narrador é a alma do rodeio, o narrador é o espelho do evento, entendo que é primordial que além de uma performance correta na hora do serviço, o narrador também tem que ter uma conduta ética e profissional fora dele, é isso que falta em alguns, repito alguns colegas. Os narradores são formadores de opinião, por que deixar um profissional desses de conduta errada ter esse poder?  Deixar influenciar outras pessoas, principalmente crianças e adolescentes que vem em muitos narradores pessoas que eles admiram, para muitos seus ídolos, não acho certo pessoas sem índole ter esse privilegio, que é a ARTE DE NARRAR.

Blog: Por que alguns promotores de eventos ainda prezam pelo preço e não pela qualidade do profissional?

Maico: São poucos que ainda fazem isso, os que fizeram se deram conta que o prejuízo foi bem maior, e os que ainda resistem em insistir nos baratos um dia vão ter a oportunidade de trabalhar com um profissional de nível maior e vera o erro cometido. E quanto aos profissionais que fazem isso ” se prostituir para narrar ” nem me preocupo com eles. Eles se acabam sozinho.

Blog: Rodeios com reinscrição, laço retardatários, madrugadões. O que você pensa disso?

Maico: Penso que é um dos fatores para gente não estar mais evoluídos ainda, ou seja, sou contra, só deixando a ressalva que ” as vezes” o madrugadão não é culpa do promotor do evento, pode acontecer de uma disputa se estender, o numero de competidores esperados aumentar, ou seja não é culpa do patrão, fora isso sou contra madrugadão. Reinscrição é só organizar e fazer mais provas, que o arrecadado será o mesmo pra mais e com custo menor, não há necessidade de reinscrição. Retardatários (salvo casos extremos que representa 1% dos casos,) só atrapalha, e os laçadores tem que se tocar que os maiores prejudicados é vocês, afinal quem não quer saber a hora certa de laçar? Quem não quer ir embora em horário saudável? O narrador o juiz tem que estar lá de qualquer forma é nosso serviço, agora o evento que não tem retardatários o maior beneficiado é o próprio laçador.

Blog: Ano de copa, faz um timaço de narradores pra mim?

Maico: Poxa ai você me espreme né Edinho. Ai vai:

NECO/ SASSA/ PAPAPA/ CANDIDO NETO/ ALESSANDRO MOLITERNO/ ARTIDOR SOARES/ CHICÃO/ FERNANDO FLORES/ TIAGO BAGIOTO/ FERNANDO ALVES/ VINICIUS SILVEIRA/ ELIZANDRO SOUZA( 2 revelações em SC ) CEBINHO,
essa é uma geração mais nova que frequentemente narramos juntos, outros das antigas que hoje muitos nem estão mais na ativa, mais acompanhei muito.Também tem meu respeito e carinho.

Blog: Você já esteve em quase todos os rodeios de alto nível do Brasil. Me conte quais os 10+ organizado, tocado e de qualidade que você narrou?

Maico: Então ai vai, a ordem não significa nada é pela lembrança mesmo.

CAÇAPAVA DO SUL – RS CTG SENTINELA DOS CERROS – Organizadíssimo em todas as questões de horários, passávamos 187 quintetos do nº 1 até o 187 em torno de 48 a 52 minutos, para mim um rodeio modelo.

PORTO ALEGRE – RS – Muito bem organizado, nunca houve laçada lá depois das 22:00hrs, ano passado o máximo foi 21:00hrs corre de 5 a sete laçadores por vez na pista.

GIRUÁ-RS – PQT NATIVISTA GIRUÁ – Nas missões do RS, rodeio muito tocado, onde se tem horário para todas as provas já definidos e não tem falhas.

CTG QUERÊNCIA PRAIANA – SC – No sul do estado de SC, rodeio de ficha seca, gado de ótima qualidade e premiação bem distribuída.

CTG OS PRAIANOS – SÃO JOSÉ-SC – Minha casa, é muito bom ver todo ano melhorias no rodeio de São José, seja na organização ou instalações, já é uma marca da entidade, melhorar o que já esta bom, independente de patronagem, já faz alguns anos que domingo no máximo até as 18:00hrs todas as provas de laço estão finalizadas, para min essa é a cereja do bolo de todo evento de qualidade.

CTG CORAÇÃO DO VALE- GASPAR-SC – Nas instalações novas da entidade, cravo aqui como um dos eventos mais organizados de SC, no ultimo rodeio com ficha seca, uma cancha e um gado que deu fluxo de competidores, com narradores e som de qualidade, estava muito bom narrar la.

CTG JOÃO DORNELLES – FAZENDA VILA NOVA-RS – Sempre foi sinônimo de ótimo andamento de laçadores e uma organização modelo.

FAZENDA SAN RAFAEL- CORONEL VIVIDA-PR – Um evento diferenciado, pelo gado, pelas instalações, e com gado alinhado mandando pata, foi bonito de ver o povo vindo pra laçar.

EXPOINTER – CONGRESSO NACIONAL ABQM – Gado de qualidade, cancha boa, dentro da maior feira da América latina, ninguém laçando a noite, competições individuais, laçadores quem vem na chamada. Muito bom o evento.

CTG PORTEIRA DO RIO GRANDE – VACARIA-RS – Não adianta inventar, A VACARIA É DIFERENTE, por tudo que representa, pela magia que senti todas as 3 vezes que la fui narrar, é A COPA DO MUNDO, onde todos querem estar e sempre será assim.

CTG BOCA DA SERRA – Santo Amaro da Imperatriz – SC, CTG FAZENDA SILVA NETO – Canelinha-SC, são eventos da nossa região que estão crescendo em razão da organização e qualidade a cada ano, já estão priorizando os laçadores, fazendo ficha seca , inibindo laçadores retardatários.

Blog: O que você diria para quem está começando na profissão hoje?

Maico: É uma profissão apaixonante, contagiante e rentável, mas que requer muito os pés no chão, vejo muitos surgirem como grandes promessas na narração, passam 2 anos, as vezes até menos, e não se ouve falar mais, já estão fora do mercado, acho que falta isso, pés no chão e HUMILDADE. Para muitos é fácil se deslumbrar com essa profissão, fama e dinheiro juntos, é aí que se perdem essas “promessas”, respeito com quem já tem sua historia tem que existir sempre, responsabilidade e muito comprometimento com o evento, maior que tudo é e sempre será o evento.

Blog: Aqui no estado catarinense o MTG/SC ainda é soberano. Como você vê no estado vizinho a criação da FGL e seus novos projetos, tipo: Locutor e avaliador de rodeios?

Maico: Vejo uma federação com ótimos olhos, entendo que é uma agremiação que nasceu com idéias inovadoras e totalmente ATUAIS, que condiz com a realidade dos eventos de hoje em dia, o MTG querem ou não, concordem ou discordem, parou no tempo. A prova disso é ele próprio, por que dentro do MTG varias pessoas que fazem parte da entidade discordam de varias regras que o próprio impõem, faço parte da diretoria da ASSOCIAÇÃO DOS LOCUTORES DE RODEIOS DO BRASIL, que nasceu através da FGL, uma das idéias que esta sendo estudada é um seguro pessoal para nos narradores que vivemos pelas estradas do país atrás do nosso pão de cada dia, um seguro para qualquer eventualidade numa viagem, para qualquer tipo de situação de socorro enquanto estivermos a trabalho, isso é apenas uma prova de que SIM, as coisas tem que andar pro lado profissional e que as coisas tem que EVOLUIR. Leiam tudo que escrevi no blog, nosso esporte é uma fera adormecida, e tem muita coisa para conquistar ainda.

Blog: Conte-nos algum fato inusitado nesses mais de 11 anos de carreira?

Maico: Nossa foram diversos, tanto que uns dos meus futuros projetos antes de encerrar minha carreira (tomara que com 120 anos), eu quero e vou escrever um livro para relatar tanta historia.
*A cerca de uns 8 anos atrás fui na cidade de Fontoura Xavier no RS, narrando uma taça, as inscrições já tinham encerrado e o fenômeno do laço como era conhecido, hoje já falecido, Ronaldo Rodrigues, não tinha classificado ainda, subiu na cabine e pediu para eu conversar com o pessoal da secretaria para conseguir inscrever ele, eu disse que não dava, que tinha encerrado já e tal, ele insistiu tanto mais tanto que eu disse: “Mas Ronaldo como eu vou la se estou narrando?” de pronto ele disse;”Deixa que eu narro para você, enquanto você vai la”, achei que era brincadeira, mas ele insistia e não desistiu, só pra ver o que iria sair, passei para ele o microfone, e para minha surpresa, ele narrava mesmo e outra, fazia direitinho, fiquei um pouco ali para ver se ele iria dar seqüência mesmo, e foi embora, desenrolou a laçada ao natural. Bom, restou eu descer da cabine e fazer eles inscreverem ele no final da ultima planilha.

Para Finalizar: Quero aqui parabenizar o João Eder ( leiam no meu futuro livro o capitulo ” o dia em que João Eder Borges e Silvio Neto me convidaram para laçar com eles,”) pela iniciativa do blog, achei muito bacana mesmo, ” Falando de Rodeio ” está instrutivo educativo e informativo, e é claro podendo captar opiniões de todos sempre em prol de melhorarmos nosso esporte.

Tiro meu chapéu: Para eventos sem reinscrição, que primam por qualidade nos serviços prestados ao evento e não por preço, e procuram arrecadar financeiramente através de atrações para o publico que vem pagam o ingresso por atrativos de qualidade que lhes são oferecidos, e não explorando laçadores, comerciantes e o pessoal de trabalho.

Tiro meu chapéu: Para laçada solidaria que nós, ( digo nós porque sem os amigos que ajudam realmente não sairia nada,) fazemos a cada 2 anos aqui no CTG Os Praianos em São José – SC, uma festa 100% beneficente onde toda arrecadação e doação da festa vai para cinco entidades criteriosamente selecionadas, é o final de semana onde todos que estão envolvidos em rodeios durante o ano, param para ajudar, seja com trabalho, patrocínio, doação ou apenas participando e competindo na festa.

Não tiro meu chapéu: Para narradores que para tentar conquistar espaço, precisam denegrir outros, por competência eles não conseguem, se acham ” buenos” fazendo isso, mas na verdade estão sendo ” malevas ” com eles mesmos, porque a vida se encarrega de por tudo no seu devido lugar.

Não tiro meu chapéu: Para laçadores que dizem que não repartem premiação, mas só não repartem quando estão laçando com competidores teoricamente mais fracos que eles, quando chegam junto com as ” feras” repartem até uma galinha manca.

Maico Misiuk muito obrigado por expressar sua opinião, é disso que precisamos para evoluirmos profissionalmente, escutar a todos!!

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